Blog, Não categorizado, ODS, Rede Engaja Lembre-se de cativar

2 de outubro de 2020

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Estranhos, somos estranhos uns aos outros, ou realmente nos conhecemos?

Uma reflexão da Raposa, do pequeno príncipe, diz que, no começo, somos apenas estranhos, mas depois criamos um laço com as pessoas, e dali começa uma amizade. A Raposa considera que devemos cativar amigos, para assim, termos a necessidade um do outro: se queremos amigos, devemos cativá-los e nos tornarmos eternamente responsáveis por eles. Por isso a solidão é mais fácil e, ao mesmo tempo, mais infeliz.

Afinal, o ser humano é um ser social: evoluímos para construir conexões e isso nos permitiu sobreviver até virar uma espécie dominante. Entretanto, essa mesma espécie, tão dependente dessas conexões, não as dá mais importância.

Comer em casa, em volta de uma mesa, com a família e amigos, servindo de referência para o amadurecimento saudável de uma criança, se tornou algo raro: comemos de maneira rápida num Fast Food ou fazemos um pedido no Ifood, comemos olhando para uma tela e/ou trabalhando, não há tempo para os outros ou para si mesmo, até parece que Kronos é quem janta.

Sim, pois, no final, parece que estamos sempre correndo contra o tempo, com milhões de responsabilidades, problemas e expectativas, tanto suas quanto dos outros, sobre seus ombros. Não os culpo por não ter tempo para um bom dia, não os culpo por estarem tão cansados que não querem ter a tarefa de discutir a relação.

O psicólogo Abraham Harold Maslow separou nossas necessidades em cinco aspectos, não necessariamente nessa ordem: há a autorrealização, que estamos sempre buscando, mas nunca encontramos, talvez por termos esquecido de aproveitar o caminho e só focar no objetivo, que logo é substituído por outros.

Temos as necessidades fisiológicas e de segurança que, apesar dos riscos e da existência de uma parcela mais carente, vivemos melhor e por muito mais tempo que nossos antepassados, não que tivéssemos tempo para escutar nossos avós. No fim, é só mais tempo para trabalhar.

Também tem nosso social e nossa estima, uma palavra para status, que suprimos com as redes sociais. Pensar que ainda não desenvolvemos carros voadores, mas já podemos conversar com uma pessoa do outro lado do mundo, isso justamente porque somos seres sociais.

Visto isso, torna-se evidente que somos seres vulneráveis: precisamos nos auto realizar, mas, antes disso, precisamos que as pessoas gostem de nós e reconheçam nossas conquistas – antes ainda precisamos de pessoas, chegando ao ponto de mecanizar toda essa dinâmica.

Talvez por isso estejamos sempre estressados, sempre em busca de mais, só que esse mais continua vazio e incapaz de preencher nossas lacunas.

Queremos ser vistos, e por isso viramos haters; queremos fazer parte do debate, por isso falamos sobre tudo e, até mesmo, sobre aquilo que não sabemos; ficamos presos num paradigma de dominação, onde o lado do outro só pode estar errado, porque eu estou certo.  

Queremos mudar o mundo e nos irritamos com os escândalos e polêmicas da semana, mas se existe uma verdade, e que no Brasil o dia mais tranquilo sempre foi o ontem. Sempre vai existir algo novo para te irritar amanhã ou uma nova polêmica para debater no twitter 

Tire um tempo para si! Se não fizer isso por você, faça pelos outros: sua família, amigos e comunidade, se permita desacelerar um pouco. Talvez assim conseguiremos desacelerar o mundo.

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