Por muito tempo, jovens ativistas (sobretudo da região amazônica) vem sonhando com uma realidade utópica caracterizada pela não-violência. Ora essa realidade é palpável e construída com muita garra, ora distante e carregada de medo. Mas por aqui, há um impulso forte que os dá força. Este estaria na na comida cotidiana cheia de temperos? Ou na chuva da tarde que cai todo dia em Belém do Pará? Mas em um dia ensolarado, o edital Ativando Utopias os permitiu expressar tudo que estava guardado em suas mentes férteis.
Antes, precisamos falar sobre maniva…
Maniva: folha da planta da mandioca; usa-se na alimentação da região Norte, especialmente no Pará.
Receita indígena que compreende um ritual de preparo, para enfim, ser degustada. A maniva precisa ser cozida por sete dias para retirar totalmente o ácido cianídrico da folha, por ser altamente tóxico e letal. Uma verdadeira obra prima de sabores e ancestralidade.
E o que isso tem a ver com ativar utopias?
A ideia do projeto “Receita de Maniva: Programa de Ativação ARTEvistas em Belém” surge da necessidade de atuação da população sobre o próprio espaço, sobre as próprias raízes, enquanto trabalha com as formas de expressão de jovens voluntários sobre a valorização do meio ambiente, do patrimônio cultural e das raízes históricas da Metrópole da Amazônia, através de produções artísticas que comuniquem o ativismo regional.
E como toda boa receita, requer um passo-a-passo, um modo de preparo, os ingredientes e claro: se tratando de maniva, dias de cozimento.
Assim se fez, 15 jovens foram em busca de a(r)tivação, se encontrando em ideias, se aproximando em dores e mazelas da cidade e se consolando em risos de acolhimentos e muita coragem. Nesse processo, aconteceram dois nascimentos: uma exposição itinerante sobre ativismo regional e um mini-documentário.
O mini-documentário estrelando os voluntários ativistas da rede Engajamundo do núcleo local de Belém, gravado em setembro, na ilha de mosqueiro, durante um processo imersivo de formação, criação e alinhamento do grupo, trouxe falas sobre o agir localmente e o que é o ativismo. O vídeo na íntegra pode ser conferido aqui.
Já a exposição foi mão na massa. Árdua e poderosa. Que deu origem ao que hoje a gente chama de receita pronta.
A exposição possui algumas seções, que tratam o ativismo como um objeto palpável, trazidos em formas de retratos cotidianos e sentimentos aflorados durante a construção do ser ativista.
Questões de gênero, recorte social, precariedade da cidade, violência, dialeto e afins, foram pintados e talhados a mão por pessoas que sentem na pele o vibrar da cidade.
As exposições estarão de maneira itinerante em algumas galerias e espaços colaborativos em Belém.
A primeira aconteceu dia 16 de Outubro, na Kasa Maguari, pela parte da tarde.
Fique ligado! O restante dos locais de exposição pode ser conferido nas redes oficiais do instagram @engajamundo