Blog, Juventude e Política Reta final chegando e eu ainda não sei em quem votar! E agora ein?! E depois?

11 de novembro de 2020

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Por Carolina Oliveira Dias, Elissa Tokusato,
Guilherme Teles, Jose Mateus Rodrigues  e Letticia Rey – OSB/SP

Agora que já sabemos da importância de se envolver na política local e buscar construir uma transformação na nossa realidade, articulando com os vereadores, entre vários outros passos, podemos nos mover para a parte final: como escolher em quem votar? Como garantir minha cidadania e representatividade?

Em primeiro lugar, é importante identificar as prioridades do seu bairro e município. Perceba se o vereador que está fazendo campanha no seu bairro conhece as pessoas e entende as dores e demandas delas, ou se é aquele interesseiro que só aparece em período de campanha eleitoral e depois some. Em seguida, lembre-se do que falamos nas postagens anteriores sobre o que o candidato ou candidata pode ou não te prometer. Para relembrar, se liga nessa listinha feita pelo Politize sobre o que eles NÃO podem prometer:

  • Terminar a obra de uma rua ou uma escola;
  • Melhorar o serviço de coleta de resíduos do município;
  • Implantar escola em tempo integral;
  • Aumentar o número de vagas na rede de educação;
  • Criar centros de arte e cultura;
  • Reforçar o policiamento em certos bairros.

Se você ver ou ouvir algo do tipo, alerte os outros ao seu redor. El@ pode até negociar com a prefeitura para que essas menções sejam cumpridas mais rápido, mas não pode garantir! O verdadeiro papel do vereador é legislar, ou seja, criar e votar leis, fiscalizar o poder executivo e contas municipais e propor criação ou mudança nos tributos municipais.

Além disso, o dia a dia de um vereador inclui muitas negociações, então seria interessante verificar, além do seu conhecimento técnico em si, a capacidade de articulação e inteligência emocional do candidato(a)

  • Como ele(a) se comporta como figura pública pessoalmente e nas redes sociais? Ele(a) realmente leva a política a sério como serviço público como responde a opiniões contrárias em debates, 
  • Seus valores morais em relação à questões coletivas, a população e ao partido, 
  • Se busca visitar e escutar as demandas populares fora do período eleitoral, se se mostra empático a demandas que não o afetam em si, buscando o melhor para toda a população…

Outro fator mega hiper importante de levar em consideração é a representatividade dos candidatos e candidatas, tanto no partido na hora das eleições para concorrer, quanto na Câmara, depois de eleitos. Como já vimos anteriormente, existe uma cota de candidaturas femininas nos partidos para as eleições, que muitas vezes são fraudadas com candidaturas fantasmas. Além disso, a cota de gênero só fala sobre concorrer, não garante representatividade na Câmara de fato, porque estas não precisam necessariamente serem eleitas. Dos vereadores eleitos, mais da metade são homens brancos entre 42 e 44 anos.

Como jovens, precisamos garantir que nossas vozes sejam ouvidas e levadas em consideração nas decisões. Sendo plurais como somos, precisamos urgentemente de diversidade de gênero, sexualidade, raça, etnia e faixa etária nas Câmaras Municipais. Assim, conheça bem os candidatos e candidatas e não tenha medo de usar seu voto para colocar dentro desse espaço uma pessoa e que realmente traga propostas que você acredite e queira ver sendo colocadas em prática!

Olhem o que o Guilherme tem feito para se aproximar do assunto e o que o José tem como dica para nós:

“Dias antes de começar oficialmente a campanha, entrei em contato com alguns até então pré-candidatos para tentar conversar sobre suas propostas e seus planos de mandato. O resultado foi que eu cheguei a conversar por WhatsApp com cinco candidatos que eu julgava até então que representavam meus ideias. De fato, consegui marcar um café com uma pré-candidata, a única mulher dentre esse grupo de cinco. A primeira pauta que eu levantei foi por uma cidade mais sustentável e inclusiva socialmente. Ela me disse que passou os últimos quatro anos se preparando especificamente para esse momento: o maior desafio de sua vida. Percebi que estava falando com a pessoa certa, pois o desenvolvimento sustentável era uma de suas pautas mais importantes. Ela me pediu para contribuir com o seu plano de mandato em relação ao meio ambiente. Apresentei para ela o curso sobre clima e cidades 2020 do @climadeeleicao. Ela se comprometeu a fazer essa capacitação e assinou o “Manifesto Jovens Políticos pelo Clima”. Após essa conversa, percebi que vale a pena tentar se engajar na política e cobrar propostas baseado naquilo que a gente acredita. Minha ideia para essas eleições é fortalecer todos os candidatos jovens e com formação para que isso resgate a esperança na renovação política. Julgo as eleições municipais a mais importante porque podemos atuar diretamente e de certa forma as nossas ações nessas eleições possuem um impacto mais significativo.”

Guilherme, 23, Goiânia, GO

“Infelizmente exerci tardiamente meu papel como eleitor e cidadão, pois apenas em 2018 realmente fui atrás e li propostas de planos de governo para presidência no Brasil e, por meio disso, pude ver como certas candidaturas entendem o meio ambiente e saneamento básico, como por exemplo. Havia candidaturas que nem tratavam do assunto ou de uma maneira muito superficial, sem metas e diretrizes. Logo, pude compreender a importância que temos de ter na hora de fazer nossas escolhas para votar, pois não damos o devido valor para quem ocupa determinado cargo político. E, com isso, compreendi também que a política se faz e acontece todos os dias, o que nós escolhemos comprar, compartilhar, falar ou se omitir perante algo são considerados atos políticos. Por isso, minha dica na hora de escolher em quem votar trata exatamente desse ponto, conhecer ou estudar em quem você vai depositar seu desejo de mudança para o país, estado e cidade, seja por meio da conexão de ideais, sua história, propostas e etc. Existem certos grupos ou coletivos que apoiam determinadas candidaturas – como por exemplo, com foco em questões socioambientais, feministas, negras, acredito que ir atrás deles(as) pode te ajudar na hora de fazer sua escolha.”

José Mateus, 24, São Paulo, SP

Pensando nisso tudo, se liga nos 10 pontos principais que separamos para você se decidir em quem votar!

i) Veja se o candidato(a) se compromete com os Direitos Humanos – se seu candidato(a) não atende isso, não passe pro próximo passo (pois é, infelizmente precisamos levar essa informação a frente); ii) Pesquise o histórico pessoal; iii) Pesquise o histórico político; iv) Busque afinidade de pensamento: possuam valores parecidos com os seus e compartilhem do seu ponto de vista ideológico; v) Conheça o partido do candidato(a): é importante conhecer também o passado e as bandeiras do partido ao qual ele é filiado; vi) Conheça as propostas do candidato(a) e analise suas promessas de campanha: elas são realizáveis/possíveis? corresponde com a realidade? é o que o município precisa? vii) Entenda as atribuições de cada cargo: é preciso que você conheça quais as funções do cargo que ele está disputando, falamos isso no texto do módulo passado!); viii) Observe os gastos de campanha: O eleitor deve ficar atento para o que pode indicar uso de dinheiro indevido, como nos casos de Caixa 2; ix) Cobre um diagnóstico da cidade: as promessas devem ser baseadas naquilo que a cidade e os moradores precisam; x) Cuidado com as fake news: pesquise, compartilhar notícias falsas. Se for o caso, denuncie ao TSE .

E depois, Maria José?

Agora que você já escolheu seu candidato e votou, é importante lembrar que o voto é o exercício mínimo da cidadania! Nossa participação tem que ir além, quebrando as correntes de uma cultura política pouco participativa. Depois de eleitos, os vereadores têm 4 anos para exercer seu mandato, e a Câmara deve garantir nossa participação nas articulações. Para isso, devemos monitorar os nossos atores políticos através de alguns mecanismos: 

  • Verifique se as ações do seu vereador de fato estão de acordo com o que foi proposto no plano de atuação;
  • Também é importante observar se o(a) vereador(a) eleito te faz sentir chamado a participar desses espaços! Afinal, se realmente está atuando pelo povo, ele deve querer incluí-lo na tomada de decisões;
  • Use e abuse dos portais de transparência: você tem direito de acesso à informação, e os portais devem conter normalmente dados sobre os gastos dos vereadores, temos que ficar atentos(as) para que estes não sejam excessivos ou exclusivamente de uso pessoal. Por exemplo, se um vereador tem muito gasto com gasolina, precisamos buscar saber se esse transporte foi de fato utilizado para visitar comunidades e bairros da cidade, em atuação plena!
  • Atuação de base: muitas vezes algo como dar nome para ruas pode parecer uma pauta banal e não tão importante assim, mas é o contrário: garantir ruas de qualidade, nomeadas, patroladas e com saneamento básico no município inteiro é super importante para diminuir as diferenças entre as comunidades e o centro da cidade.

Todos esses pontos citados foram levantados e estudados pelo Observatório Social do Brasil São Paulo. Os resultados destes estudos para os 55 vereadores eleitos na Câmara Municipal de São Paulo dos anos de 2017, 2018 e 2019 você pode conferir aqui

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