Por Amanda Costa e Ana Alves
No dia 21 de outubro de 2019 Angela Davis esteve no Auditório do Ibirapuera, para o lançamento de seu livro UMA AUTOBIOGRAFIA, durante a conferência “A Liberdade é uma Luta Constante”. Nós, Amanda e Ana, do Grupo de Trabalho de Desenvolvimento Sustentável, estivemos lá e vamos contar um pouco do aconteceu durante a conferência, trazer as discussões que surgiram ali que fizeram questionar um pouco da nossa realidade.
O evento contou com a participação da pesquisadora Raquel Barreto, da escritora Bianca Santana e da jornalista Christiane Gomes, da fundação Rosa Luxemburgo, e é claro, a incrível Angela Davis. Ela é professora, filósofa, feminista, socialista, ativista política e militante pelo abolicionismo penal, liberdade identitária, democracia, igualdade racial e interseccional nos EUA, utilizando argumentos assertivos que fundamentam a defesa de uma revolução radical e libertária como caminho essencial para a transformação social.
Foi uma noite MARAVILHOSA! A ativista iniciou sua narrativa saudando suas ancestrais e destacando o trabalho das manas pretas no Brasil, como Leila Gonzalez, Luiza Barros e Sueli Carneiro. Além disso saudou Preta Ferreira, ativista jovem e negra que luta por moradia digna e que estava presa sem ter cometido crime nenhum! Angela chamou atenção da juventude para se posicionar de forma ativa em suas lutas e criar uma rede de apoio, e parabenizou todos os ativistas brasileiros que se posicionam contra a polícia racista e fomentam protestos contra o assassinato de Marielle Franco.
Angela nos chamou para a luta contra a lógica capitalista, o racismo e o heteropatriarcado, alegando que esses são os principais culpados pelos incêndios na Amazônia¹ e pelo vazamento de petróleo nas praias do Nordeste.² A ativista chama a atenção para a união dos povos indígenas e seus saberes, pois todos esses eventos ambientais também estão ligados ao social, e se não nos unirmos por uma política que prioriza o planeta como um organismo só, todos os nossos movimentos por justiça e liberdade terão sido em vão.
“Eu amo o Brasil. Mas odeio ouvir o fato de que os capitalistas e seus apoiadores do governo estão concentrados em privilegiar o lucro em detrimento das pessoas.” (Davis, 2019)
A justiça do meio ambiente está totalmente ligada a justiça em prol das vidas humanas, e no centro dessas lutas está a defesa das vidas negras! De acordo com a filósofa, são as vidas negras as mais impactadas pelo sistema exploratório capitalista de supremacia branca, que segue ampliando a desigualdade social. Exemplo disso são as desigualdades vistas no nosso cotidiano, poucos negros na universidade, poucas mulheres negras assumindo protagonismo em diversas áreas, principalmente na política, e ainda o grande número de pessoas negras dentro dos presídios, como Preta Ferreira, muitas vezes sem cometer nenhum crime, somente por julgamento vindo da cor da pele.
Por fim, Angela negritou que não existe mudanças estruturais provocadas por apenas um único indivíduo, precisamos de respostas coletivas! Nós, enquanto Engajamundo, e organização que prioriza o respeito entre as pessoas e oportunidades mais equitativas, também somos protagonistas dessa luta. Continuar juntxs, agindo localmente sem esquecer de pensar nas mudanças globais que queremos, é parte dessa solução. Continuemos militando juntas e juntos!
